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segunda-feira, 28 de junho de 2010

LUTA PELA DIVERSIFICAÇÃO DAS LINGUAS NO ENEM

Caros associados e parceiros da APFCE,

A pedidos, estamos reenviando a carta de apresentação do manifesto pela diversificação das linguas no ENEM. Em anexo, enviamos documentos da FBPF endereçadas a aquipe do ministério da Educação. Vamos manter a esperança pois a proposta já foi recebida pela equipe do INEP.

Foram recolhidas 5745 assinaturas (destas 794 do Ceará)

Merci!!!

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XVII CONGRESSO BRASILEIRO DOS PROFESSORES DE FRANCÊS BRASĺLIA, 7 -10.09.2009

RESOLUÇÃO DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA DOS PROFESSORES DE FRANCÊS (FBPF)

POR UM ENSINO RECĺPROCO DO FRANCÊS E DO PORTUGUÊS

MANIFESTO

PELA DIVERSIFICAÇÂO DAS LĺNGUAS REPRESENTADAS NO NOVO ENEM

Ao término de suas atividades, os congressistas, responsáveis pela educação e profissionais do ensino do francês no Brasil e do português na França, reunidos em assembléia geral,

Considerando que a promoção do pluralismo linguístico e cultural é um dos investimentos de maior importância na educação de hoje;

Conscientes de que o acesso a essas duas grandes línguas que são o francês e o português é essencial para a garantia do pluralismo global, para a intensificação do diálogo franco-brasileiro e para a afirmação de novas ações de solidariedade entre os povos francófonos e lusófonos;

Reconhecendo os progressos realizados nesse sentido pelo protocolo de acordo assinado em 2007 pelos Presidentes brasileiro e francês em prol de um ensino recíproco do francês e do português;

Tendo em mente o benefício intelectual, social e profissional que a aprendizagem de várias línguas oferece a cada estudante e a cada universitário;

Destacando a necessidade de preparar sempre melhor todos os brasileiros e todos os franceses para o crescimento das mobilidades e intercâmbios, entre os dois países, em matéria de educação, de cultura, de ciências e de tecnologia, de indústria e de comércio;

Desejosos de contribuir para aprofundar e ampliar a riqueza das relações franco-brasileiras por' um maior conhecimento mútuo das duas línguas nacionais e uma comunicação internacional mais eficaz;

Preocupados corn o anúncio da manutenção de uma única língua estrangeira, no caso, o inglês, na reestruturaçâo do ENEM;

Recomendam aos dois governos que promovam, com o devido respeito ao contexto constitucional e educativo de cada país, todas as medidas que contribuam para a expansâo do ensino do português na França e do francês no Brasil, assim como para a melhoria de sua qualidade, destacando-se: a possibilidade para todos de seguir o estudo de várias línguas desde o início da escolarização até a universidade, a formação superior e continuada de professores em número suficiente, o ensino a distância, a aprendizagem do francês e do português para fins profissionais, a educação linguística dos adultos, os cursos de ensino bilingue (português/francês) ou plurilingue.

Solicitam, ig:ualmente, do governo brasileiro a previsao de princípios e a prática de uma avaliação dos públicos que assim o desejarem, em uma outra língua estrangeira, além do inglês, e particularmente em francês, na instauração do novo ENEM.

Brasília, 9 de setembro de 2009


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XVIIème CONGRES BRESILIEN DES PROFESSEURS DE FRANCAIS

BRASILIA, 7 - 10.09.2009

RESOLUTION DE LA FEDERATION BRESILIENNE DES PROFESSEURS DE FRANÇAIS (FBPF)

POUR UN ENSEIGNEMENT RECIPROQUE DU FRANCAIS ET DU PORTUGAIS

APPEL

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A LA DIVERSIFICATION DES LANGUES REPRESENTEES DANS LE NOUVEL ENEM

A l'issue de leurs travaux, les congressistes, responsables éducatifs et professionnels de l'enseignement du français au Brésil et du portugais en France, réunis en assemblée générale,

Considérant que la promotion du pluralisme linguistique et culturel est l'un des enjeux majeurs de l'éducation d'aujourd'hui;

Conscients que le partage de ces deux grandes langues que sont le français et le portugais est essentiel pour la garantie du pluralisme global, l'intensification du dialogue franco-brésilien et l'affirmation de nouvelles solidarités entre les peuples francophones et lusophones;

Reconnaissant les progrès réalisés en ce sens par le protocole d'accord signé en 2007 par les présidents brésilien et français en faveur d'un enseignement réciproque du français et du portugais;

Ayant à l'esprit le bénéfice intellectuel, social et professionnel que l'apprentissage de plusieurs langues apporte à chaque élève et étudiant;

Soulignant la nécessité de préparer toujours mieux tous les Brésiliens et Français à l'accroissement des mobilités et des échanges, entre les deux pays, en matière d'éducation, de culture, de sciences et de technologie, d'industrie et de commerce;

Désireux de contribuer à approfondir et à élargir encore la richesse des relations franco-brésiliennes par une plus grande connaissance mutuelle des deux langues nationales et une communication internationale plus efficace;

Préoccupés par l'annonce du maintien d'une langue étrangère unique, l'anglais en l'occurrence, dans la restructuration de l'ENEM ;

Recommandent aux deux gouvernements de mettre en œuvre, dans le respect du contexte constitutionnel et éducatif de chacun, toutes les mesures contribuant à l'extension de l'enseignement du portugais en France et du Français au Brésil et à l'amélioration de leur qualité, et notamment: possibilité pour tous de poursuivre l'étude de plusieurs langues du début de la scolarisation à l'université, formation supérieure et continue de professeurs en nombre suffisant, enseignement à distance, apprentissage du français et du portugais à des fins professionnelles, éducation linguistique des adultes, cursus d'enseignement bilingue (français / portugais) ou plurilingue.

Demandent également au gouvernement brésilien de prévoir les principes et la pratique d'une évaluation des publics qui le souhaiteraient, dans une autre langue étrangère que l'anglais, et en français en particulier, dans la mise en place du nouvel ENEM.

A Brasília, le 9.9.2009


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PLURALISMO LINGUĺSTICO NO ENEM

(EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO)

Este livro iniciou sua circulação no XVII Congresso Brasileiro dos Prof essores de Francês em Brasília, no dia 08 de setembro, com a finalidade de recolher assinaturas dos professores de línguas estrangeiras e as demais pessoas que consideram que o Exame Nacional do ensino Médio - ENEM - deve promover o plurilinguismo e o multiculturalismo ao estabelecer provas de línguas estrangeiras, conforme a escolha do aluno de optar pela língua que ele vem estudando ao longe de seus estudos na Educação Básica.

De maneira que as provas de acesso ao ensino superior sejam condizentes a sua escolha e no que reza a Portaria 109, de 27/05109, do INEP que fala sobre o objetivo dos exames:

"(. .. ) como procedimento de avaliação do desempenho escolar e acadêmico dos participantes, para aferir o desenvolvimento das competências e habilidades fundamentais ao exercício da cidadania".

Nada mais justo que as instituições que possibilitam o aluno de estudar outra língua estrangeira que não seja o inglês, possam dar aos seus alunos -a opção de fazer provas dessa língua no ENEM.

Além disso, devemos lutar para que os brasileiros possam ter acesso às línguas estrangeiras diversas, a fim de adquirir novos conhecimentos culturais, sociais, artísticos, científicos e tecnológicos e possam produzir e difundir os seus saberes em pé de iguaidade com outras nações mais desenvolvidas que, ao contrário da proposta atual do ENEM, instituíram o ensino plurilinguístico, bilingüe e muiticultural, baseado na diversidade, na tolerância, solidariedade e cooperação entre os povos.

Se o ENEM deseja aferir o grau de competências que reproduzirão uma cidadania plena, que apoie e incentive as escolas de ensino médio a manter sua diversidade e o direito de escolha dentre as línguas estrangeiras ofertadas em várias partes do Brasil

Assim, que não seja o ENEM um modelo redutor da Educação, mas um ampliador dos horizontes e das possibilidades que o Brasil busca para ser mais rico, justo e equânime, e tudo isso depende diretamente da educação ser mais promissora e comprometida com o desenvolvimento sócio-econômico do país.

Então, não cabe mais o Brasil se fechar para o conhecimento de outras línguas e culturas estrangeiras que fazem parte da nossa história e da necessidade histórica de buscar fora avanços sócio-culturais, científicos e tecnológicos com outros países, por sermos monolíngues e isolados nas Américas, coma única nação que fala o português, enquanto as demais falam espanhol, inglês e francês.


Professores de Língua Estrangeira



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PLURALISMO LINGUiSTICO NO ENEM

(EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO)

Manifesto para que o ENEM tenha provas de várias línguas estrangeiras estudadas no Brasil, dentre elas aquelas que ensinamos nos Cils: espanhol, francês e inglês. Bem coma as línguas italiana, japonesa, polonesa, russa e alemã para as colônias dessas origens, que se encontram em algumas regiões do Brasil. Lutemos pelo multilinguismo e multiculturalismo presente em nosso país e a necessidade de acesso às diferentes culturas e trocas sócio-culturais, tecnológicas e científicas que só a lingua estrangeira pode nos permitir enquanto povo monolíngue e lusófono isolado nas Américas.

Participem desse manifesto assinando este livro,

Gratos,

Professores de Língua Estrangeira


João Pessoa, 04 de junho de 2010

De Profa. Dra. Rosalina Maria SALES CHIANCA
Presidente da Federação Brasileira de Professores de Francês
FBPF
Rua Huerta Ferreira de Melo, 95/302 Jardim Oceania
58 037-245 João Pessoa Pb Brasil
CNPJ 01.177.203/0001-10
E- mail: fbpf@fbpf.org.br
contact@fbpf.org.br

telefone: 0 xx 83 3246 24 68
celular: 0 xx 83 88851402


Assuntos: o direito a uma real escolha da língua a
estudar e a aprender no sistema escolar brasileiro;
a re-inclusão já em 2010 da língua francesa
no exame nacional ENEM e a sua manutenção posterior
no âmbito deste Exame;

o encaminhamento de um Manifesto pela diversificação
das línguas representadas no novo ENEM, assinado em um período curtísimo,
por quase 6 000 pessoas distribuidas em todo o território nacional,
com o apoio da Associação Brasileira de Linguística Aplicada – ALAB – dentre
outras instituições e de responsáveis político-educacionais nacionais e internacionais;


a solicitação de uma audiência com o Ministro da Educação.


Ao Excelentíssimo Senhor Ministro da Educação
Sr. Fernando Haddad
Ministério da Educação
Esplanada dos Ministérios
Brasília DF Brasil


Excelentíssimo Senhor,

Escrevo-lhe em nome da Federação Brasileira de Professores de Francês – FBPF – que represento. Esta Federação é constituída por Associações Estaduais de Professores de Francês (APFs) situadas em todo o território nacional e estas agrupam professores de instituições de ensino médio e superior (graduação, bacharelado, pós-graduação), público e privado, instituições estas formadoras de professores e de demais profissionais de Letras, agrupando também professores pesquisadores, teóricos especialistas em didática do ensino das línguas, literatos, especialistas em literaturas francesa e de expressão francesa e, em muitos contextos, alunos de Letras/Habilitação em Língua e Literatura francesas.

Esta macro-comunidade vem trabalhando há muitas décadas em prol da promoção do pluralismo linguístico e cultural, para a intensificação dos diálogos transnacionais e para a afirmação de novas ações de solidariedade entre os povos. Os seus membros trabalham também, e antes de mais nada, em prol da educação no país, do desenvolvimento do espírito crítico na construção dos saberes visando também despertar junto a seu alunado a tomada de consciência da cidadania e, assim, de seus direitos e deveres em prol de uma arquitetura dos grupos harmoniosa, plural e coerente.

Neste contexto, o contato permanente com a língua-cultura do outro pode promover
o contato com a sua própria língua-cultura, em uma busca permanente de tomada de consciência do seu espaço e do outro, passando pela (re)construção permanente de sua identidade individual, regional e nacional. Este processo de ensino/aprendizagem realiza-se constantemente dentro de uma análise contrastiva no encontro e no reencontro frequente das culturas nacionais e transnacionais em contato. Esta dimensão favorecendo, naturalmente, uma abertura cultural e um posicionamento plurilíngue necessários e indispensáveis à formação dos jovens brasileiros nas suas diferentes realidades socioeconômicas e culturais, nas diferentes regiões e contextos locais deste país.

Nesta perspectiva, os membros da FBPF aderem plenamente aos princípios que norteiam a Convenção sobre a proteção e a promoção da diversidade de expressões culturais adotada pela UNESCO em dezembro de 2005. Aderem e integram-se também aos princípios norteadores que fundamentam a LDB/1996, considerando outrossim as recomendações dos documentos oficiais do Ministério da Educação (Parâmetros Curriculares Nacionais e Orientações Curriculares para o Ensino Médio), no cumprimento da obrigatoriedade de atender necessidades educacionais do alunado, nas suas diferentes regiões e realidades locais. Respeitam sobremaneira a escolha feita por muitos alunos dos diferentes estados brasileiros no que se refere à língua estrangeira a estudar e a aprender no ensino fundamental e médio, o que justifica, a nosso ver, a presença das diferentes línguas ditas estangeiras no ENEM.


A FBPF e as APFs reconhecem os progressos realizados nesse sentido pelo protocolo de acordo assinado em 2007 pelos presidentes brasileiro e francês em prol de um ensino recíproco do francês no Brasil e do português na França, entendendo que caiba ao governo brasileiro promover, com o devido respeito ao contexto constitucional e educativo brasileiro, todas as medidas que contribuam para a expansão e a qualidade do ensino do português na França e do francês no Brasil. Sabe-se que o governo brasileiro honra este acordo concretizado pela recente aprovação oficial da obrigatoriedade do ensino do francês no Amapá.
Sabemos também que, apesar do papel que desempenham outras línguas estrangeiras no ensino fundamental e médio no país, a língua francesa mantém-se em todas as regiões, seja no ensino fundamental, médio ou nas licenciaturas dos Cursos de Letras, estando também presente nos exames de proficiência das pós-graduações e, particularmente, nos exames de seleção dos doutorados das insituições públicas federais brasileiras. Sabemos ainda que muitos alunos do ensino fundamental e médio optaram há alguns anos por esta língua em todo o seu trajeto escolar.

Ora, fomos surpreendidos por uma decisão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) no que se refere às línguas estrangeiras (LE) presentes no Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM 2010-, ao constatarmos que a língua francesa não fora contemplada para este Exame Nacional do Ensino Médio.

Segundo resposta do INEP ao documento enviado a este Instituto pela Sra Maria Cristina Prando, em nome da Comissão Integradora das Associações de Professores de Línguas Estrangeiras Modernas – CIAPLEM – (acompanhado da Ata elaborada no dia da Audiência Pública na Assembleia Legislativa, no Rio Grande do Sul), em maio de 2010, “[...]o inglês e o espanhol são as duas línguas mais cotadas para serem avaliadas este ano. No entanto, a sugestão de inclusão de novas línguas estrangeiras será considerada pelo corpo técnico do INEP juntamente com o Ministério da Educação (MEC) e em outros anos do exame podem [vir] a ser implantadas (cf.documento anexo)”. Nesta resposta fica clara a posição do INEP para o ENEM 2010, apesar de indicar possibilidades de inclusão de novas línguas em outros anos: a aparente exclusão provisória da língua francesa (doravante LF).

O INEP apoia sua decisão de exclusão da LF alegando que
• - a “avaliação da competência relativa à língua estrangeira moderna no ENEM terá início no ano de 2010 de modo a cumprir com o Art. 36º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que define que no currículo do ensino médio deve ser incluído o ensino de uma língua estrangeira moderna. Neste mesmo artigo, há a diretriz de que a escolha da língua estrangeira cabe à comunidade escolar” e que

• - “analisando a realidade educacional do nosso país, estamos pretendendo implementar em 2010 a avaliação do inglês e do espanhol . A decisão de se avaliar o inglês deve-se ao fato de que, de acordo com o Censo escolar de 2009, 96,6% das escolas do 3º ano do Ensino Médio no Brasil ofertam inglês nos seus currículos, o que equivale a mais de 21.500 escolas somente do 3º ano do Ensino Médio. Já a escolha do espanhol tem como base a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005, que sanciona a oferta de ensino de língua espanhola como obrigatória pelas escolas em um prazo de 5 anos. Desse modo, a língua inglesa está comprovadamente instalada nos currículos das redes de ensino federais, estaduais e municipais dentre outras razões pela sua universalidade linguística, cultural e econômica e o espanhol deverá obrigatoriamente ser ofertado a partir de 2010” (ibid.).

Cabe-nos alertar para o fato de que
• esta maioria “absoluta” relativa à presença da língua inglesa (doravante LI) no cenário escolar brasileiro deve-se a um fato histório-político e econômico brasileiro. Realmente, no final dos anos 1960 vivemos uma reforma do sistema educativo no Brasil (e em 1970, na Universidade Brasileira), tendo-se assistido à substituição do ensino de várias línguas estrangeiras por basicamente uma única língua (a língua inglesa), o francês tendo no entanto “resistido” até os dias de hoje, apesar de toda a força política e econômica embutidas nesta decisão. E, doravante, a escolha da língua estrangeira (LE) sendo, como o dissemos anteriormente, substituída praticamete por uma única língua estrangeira, o que provocou, junto aos pais dos alunos e ao alunado, o quase total desconhecimento de uma real escolha da língua a estudar e a aprender. Por ordens “práticas”, políticas e econômicas, os diretores de escolas transformaram a LI em sinônimo para as Línguas Estrangeiras Modernas (LEM), o que resultou neste perfil atual ([...] “Censo escolar de 2009, 96,6% das escolas do 3º ano do Ensino Médio no Brasil ofertam inglês nos seus currículos [...], cf. acima);
• esta relativa homogeneidade apresentada quanto à escolha da LE esconde, mascara e prejudica a real pluralidade linguístico-cultural existente neste imenso subcontinente sul-americano. O Brasil teria esquecido as suas origens plurais étnicas, a miscigenação passada, presente e futura que aconteceu, acontece e se perpetua neste país? Lembramos que o Brasil é realmene aparentemente em sua grande maioria unilingue mas este país não o é [redação truncada]. Diferentes línguas de origens africanas e indígenas, bem como variedades italianas, alemãs, polonesas, japonesas, além de outras várias línguas asiáticas... frequentam o cenário da nossa língua-cultura nacional (o Português brasileiro), se misturam, se transformam, se tocam, coabitam... são importadas, exportam-se, estando incluisve presentes na construção do léxico do Português brasileiro. Contemplar no ENEM as diferentes línguas faladas e estudadas neste país não constituiria um respeito às decisões inscritas nos documentos oficiais do sistema de ensino do país (PCN, OCN, na LDB/1996,...)? Não constituiria também um respeito à diferença inscrito na Costituição Brasileira? Não seria ainda um ato político coerente com a política nacional atual, em um governo de origens sociais?
• O governo brasileiro atual, sob a presiência do Exmo. Sr Luis Inácio Lula da Silva, tem como divisa a liberdade de escolha, o direito a “ser”, dentro do respeito à diferença, à pluralidade de identidades nacionais dentro de uma Cultura Nacional brasileira também plural! Parece-nos que não contemplar as LEs presentes no sistema educacional brasileiro e no cenário linguístico-cultural brasileiro vai totalmente contra a política do país, contra o direito inscrito no Art. 36º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) no qual se apoia o INEP na sua resposta ao CIAPLEM/RS;
• adiar a decisão relativa à inclusão de outras LE além do Inglês e do Espanhol não seria prejudicial ao alunado? Não seria esquecer que muitos jovens brasileiros optaram por algumas línguas que não serão contemplatas no ENEM 2010? Esta será a situação de muitos que optaram pela língua francesa, em vários estados brasileiros, sendo assim excluídos do ENEM 2010 (esta é uma consequência imediata havendo outras de médio e longo prazo). Vários alunos de diferentes estados e regiões serão prejudicados a curto prazo, prioritariamente aqueles de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Amapá onde a LF é obrigatória, do Rio Grande do Sul, entre outros. A longo prazo o prejuízo será considerável, trazendo consequências drásticas na formação acadêmica futura, em nível não apenas da graduação mas também da pós-graduação, nos exames de proficiência, na pesquisa bibliográfica, nas trocas entre pares, em situações de bolsas-sanduíche, de troca interuniversitárias e outras. Lembremos também da futura diminuição de ofertas de outras LE, o que limita os horizontes daqueles que têm apenas a Escola como meio de ascensão social, no sentido socioeconômico. A Escola deveria ser o meio pelo qual muitas crianças e jovens entram em contato com a diferença não apenas relativa a outra cultura transnacional mas também à cultura nacional. Neste contexto, o ensino da língua francesa, dentro de uma perspectiva contrastiva, levando-se em conta traços linguístico-culturais comuns e divergentes, é claro, poderia permitir um trabalho nos dois sentidos: LE e língua materna (LM) em prol da re-descoberta de uma identidade individual e nacional. Assim, a Escola poderia desempenhar o seu papel de socialização permanente que, segundo P. Bourdieu, constitui uma das funções mais importantes da Escola. Os professores da LF podendo assim desempenhar a sua cidadania, em que a aprendizagem e a “aquisição” da língua do outro não consistiria em um fim mas em um meio para atingir um objetivo maior: a tomada de consciência da sua identida nacional!
• custos operacionais não deveriam constituir empecilhos para a educação no Brasil. O respeito à escolha da LE a estudar e a aprender inscrito na LDB (acima citada) não deveria ser vetado por razões orçamentárias. Em um governo social a educação (assim como a habitação e a saúde) deveria ser uma prioridade governamental nacional, dentro do respeito às peculiaridades locais e regionais. No entanto, para a sua posição quanto à exclusão do francês e de outras línguas, o INEP alega que “[c]ompreendemos também o quão desejável é a diversidade de formação dos alunos do Ensino Médio que poderia ser estimulada pela inclusão de várias línguas estrangeiras. Todavia, a avaliação de outras línguas estrangeiras no ENEM envolve diversas medidas como a constituição de um banco de itens para avaliação de cada uma das línguas estrangeiras, a elaboração de diversas provas e, sobretudo, um custo operacional. [...] (cf. anexo, ibid.);
• não evocaremos aqui os laços históricos e culturais que unem o Brasil e a França, por considerá-los evidentes. Posicionamo-nos pela diversidade linguístico-cultural e pelo real direito à escolha da língua a estudar e a aprender, posicionando-nos contra a exclusão não apenas do francês mas das demais LEs presentes no sistema educacional brasileiro, esperando que o INEP reveja a sua decisão

Diante deste quadro, em setembro de 2009, durante o congresso nacional de professores de francês que se realizou em Brasília, os responsáveis políticos educacionais, os congressistas, participantes e simpatizantes à nossa causa decidiram assinar um Manifesto solicitando ao governo brasileiro a inclusão da língua francesa no ENEM 2010 e a sua manutenção nos próximos exames.

Neste Manifesto colocamo-nos a favor de um ensino recíproco do francês no Brasil e do português na França, solicitamos ao governo brasileiro que promova, com o devido respeito ao contexto constitucional e educativo brasileiro, todas as medidas que contribuam para a expansão do ensino do português na França e do francês no Brasil, assim como para a melhoria de sua qualidade, destacando-se: a possibilidade para todos de seguir o estudo de várias línguas desde o início da escolarização até a universidade, a formação superior e continuada de professores em número suficiente, o ensino a distância, a aprendizagem do francês e do português para fins profissionais, a educação linguística dos adultos, os cursos de ensino bilíngue (português/francês) ou plurilíngue. Solicitamos, igualmente, do governo brasileiro uma avaliação em nível nacional dentro do rigor das exigências da LDB/1996, em respeito às recomendações dos documentos oficiais do Ministério da Educação (Parâmetros Curriculares Nacionais e Orientações Curriculares para o Ensino Médio), e ao cumprimento da obrigatoriedade de atender necessidades educacionais do alunado, respeitando a escolha feita por muitos alunos dos diferentes estados brasileiros no que se refere à língua estrangeira no ENEM.

A Federação Brasileira de Professores de Francês e as APFs reiteram esta posição solicitando a reinclusão da língua francesa no ENEM 2010 e sua posterior manutenção, tendo para este movimento o apoio da Associação Brasileira de Linguística Aplicada (ALAB) representada pelos seus membros e pela diretoria reunidos em assembleia geral por ocasião do III ENPLE, Encontro Nacional sobre Políticas de Língua(s) e Ensino – Avaliando políticas linguísticas para um mundo plural e da comunidade brasileira representada pelas quase 6.000 assinaturas em apoio ao nosso movimento pela inclusão do francês (Manifesto anexo a esta correspondência).

Colocamo-nos pois dentro deste movimento em prol do ensino/aprendizagem das LEs no Brasil, privilegiando a diversidade linguístico-cultural e a formação do jovem brasileiro, visando uma abertura cultural propiciada pela descoberta do outro através de um ensino que priorize a competência comunicativa intercultural. Ensino este que prepara, a nosso ver, o aprendente para um mundo plural e cada vez mais aberto ao contato com o outro (seja em presencial seja virtual) e neste contexto o professor de línguas deve desempenhar o seu papel de formador e de ser consciente. Como salientou Robert Laliberté, diretor geral da Association Internationale des Etudes Québécoises (AIEQ), « [l]a protection et la promotion de la diversité des expressions culturelles commandent et exigent que les jeunes de la nouvelle génération se voient offrir la possibilité de faire un choix non pas entre un moins grand nombre, mais bien entre un plus grand nombre de langues étrangères […] ».

Solicitamos assim uma entrevista com a equipe educacional do MEC, com o Ministro da Educação, para que possamos contribuir com a educação linguística no Brasil, conscientes da importância que o Governo atual atribui às trocas e ao diálogo com as diferentes camadas e representações da sociedade brasileira.

Solicitamos ainda que a língua francesa seja incluída no ENEM e que se considere a inclusão das demais LE que compõem os currículos dos cursos de ensino fundamental e médio na diversas regiões do país.

Encaminhamos as assinaturas de apoio ao nosso movimento assim como moção e carta de apoio ao mesmo enquanto nos colocamo à disposição para quaisquer esclarecimentos.

Sabemos que podemos contar com o apoio deste governo neste sentido.


Aguardando satisfação a nosso pleito.

Subscrevemo-nos.



Atenciosamente;


Profa. Dra. Rosalina Maria Sales Chianca
Presidente da FBPF



--
Liana Garcia Lima
Presidente da APFCE

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